Hospital da Mulher da universidade estadual, em Campinas, confirmou nesta quarta diagnóstico positivo para criança internada em 18 de maio. Unidade destaca série de medidas de contenção. Campinas registra primeiro caso do fungo Candida auris
GETTY IMAGES via BBC
O primeiro caso de contaminação pelo superfungo Candida auris em São Paulo foi confirmado pela Secretaria de estado da Saúde nesta quarta-feira (7). O diagnóstico foi em 18 de maio e o paciente é um bebê prematuro internado no Hospital da Mulher da Unicamp (Caism), em Campinas (SP), com “boa evolução clínica”. Confira abaixo detalhes do caso e as medidas de contenção interna.
À EPTV, afiliada da TV Globo, a médica infectologista Valéria Almeida, do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) da cidade, fez uma análise sobre o que é o superfungo, riscos e prevenção.
Nesta reportagem do g1, você vai conferir as seguintes informações:
Por que superfungo?
De onde ele vem?
Quais os riscos?
O estado de saúde do bebê
Detalhes do caso e medidas de contenção
1. Por que superfungo?
De acordo com Valéria, a expressão popular “superfungo” está associada à resistência do fungo. O primeiro caso foi identificado no Brasil em 2020, e neste ano há registro de surto em Pernambuco.
“Ficou conhecido popularmente como superfungo porque na verdade ele é um fungo que emergiu recentemente como causa de infecções nos seres humanos e ele tem uma característica que algumas cepas desse fungo são resistentes aos antifúngicos, aos medicamentos que se usa pra tratar. Então acaba não tendo um tratamento adequado. Não tem medicamento para tratar algumas cepas desse fungo. Por isso que ganhou esse nome de superfungo”, explicou.
2. De onde ele vem?
O Candida auris foi identificado pela primeira vez no Japão, em 2009, e depois se espalhou por países na Europa, África, Ásia, Oceania e das Américas. “É um fungo que existe na natureza e que acaba habitando principalmente a pele da pessoa. Muitas vezes a pessoa tem esse fungo na pele, não causa doença, essa pessoa está, a gente fala, colonizada por fungo”, afirmou a médica ao lembrar que não há sintomas. As regiões onde o Candida auris costuma ficar são: ouvidos, narinas, axilas e virilhas.
3. Quais os riscos?
Segundo especialistas, o fungo pode não oferecer risco às pessoas saudáveis, mas pode levar à morte quem tem sistema imunológico debilitado. “Mas se ela vai fazer algum procedimento, cirurgia ou às vezes pegar uma veia, né? Fazer uma punção com uso de medicamento, esse fungo pode entrar na corrente sanguínea, causar uma infecção, e aí a pessoa fica doente e infectada. Se for por uma cepa que é resistente aos medicamentos não vai ter como tratar adequadamente. E geralmente isso acontece com pessoas que estão com o sistema imunológico muito enfraquecido”, falou a médica.
4. O estado de saúde do bebê
O paciente apresenta boa evolução clínica, em que pesem condições associadas à prematuridade e baixo peso, informou o Caism. “Essas condições são comuns a recém-nascidos prematuros e não estão diretamente relacionadas à infecção”, diz nota enviada pelo hospital à EPTV.
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5. Detalhes do caso e medidas de contenção
A Secretaria Municipal de Saúde destacou que todas as medidas de prevenção e controle foram implementadas pelo hospital, e lembrou que ele pode continuar a fazer partos e atendimentos a pacientes. “A Vigilância Sanitária monitora a investigação e as medidas implementadas”, diz texto.
O Caism destacou que desde aquela data tem realizado ampla investigação entre outros pacientes do hospital e até o momento não registrou novos diagnósticos positivos para o agente patológico. Além disso, mencionou que novos rastreamentos estão em andamento para confirmar o resultado prévio.
“Como princípio metodológico de redução do risco de disseminação do fungo, o hospital adotou precaução de contato no tratamento de bebês que tenham sido atendidos por profissionais com histórico de contato direto com o caso fonte”, destaca outro trecho da nota.
Ainda de acordo com o Caism, com exceção do bebê contaminado com o superfungo, as demais crianças em precaução de contato não apresentaram resultado positivo para o fungo.
“Iniciar essa medida frente à simples hipótese de infecção ajuda a conter a disseminação de patógenos e a proteger pacientes e profissionais da saúde”, diz texto ao mencionar que o caso já foi notificado às autoridades sanitárias competentes para inclusão em boletins sobre o assunto.
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Área do Hospital da Mulher da Unicamp
Reprodução/EPTV
O Caism destacou que adotou outros cuidados sobre limpeza e orientações após confirmar o caso:
Limpeza e desinfecção do local de internação e dos equipamentos médico-hospitalares com produto à base de peróxido de hidrogênio;
Reforço da orientação das equipes assistenciais quanto às técnicas adequadas de higienização das mãos e de paramentação (luvas, toucas, aventais, etc.);
Realização de limpeza concorrente do local de internação no mínimo a cada 3 horas. Ou seja, em vez da limpeza terminal, feita após alta do paciente ou transferência dele para outra área, a concorrente é realizada durante a permanência do paciente no ambiente de cuidados de saúde;
Designação de artigos e produtos para saúde exclusivos para o paciente durante internação;
Redução do número de visitas ao bebê que teve contaminação. Os visitantes têm recebido reforço das orientações sobre higiene das mãos, uso de avental e luvas; as coletas de leite são na mesma sala onde a criança está internada, com a supervisão e orientação da equipe de enfermagem; e a movimentação dos pais dentro do hospital é mínima e indispensável.
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