60,9% dos casos de febre maculosa desde 2019 em Piracicaba levaram à morte; sem registros em 2023, CCZ aponta situação controlada


Segundo dados da Vigilância Epidemiológica, foram 23 casos confirmados nos últimos quatro anos e meio e 14 óbitos. Desde 2022, uma pessoa morreu pela doença. ARQUIVO: Família de capivaras às margens do Rio Piracicaba, em Piracicaba
Mateus Medeiros/Arquivo pessoal
Dos 23 casos confirmados de febre maculosa confirmados em Piracicaba (SP) desde 2019, 14 levaram os pacientes à morte, o que representa uma letalidade de 60,1%.
Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), a Vigilância Epidemiológica, e foram enviado pela Secretaria Municipal de Saúde ao g1. Em 2023, a cidade não tem registros da doença.
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Confira abaixo os registros ao longo dos últimos quatro anos e meio:
2019: Dez casos confirmados e cinco mortes
2020: Seis casos confirmados e quatro mortes
2021: Cinco casos confirmados e quatro mortes
2022: Dois casos confirmados e uma morte
2023: Nenhum caso confirmado
Bióloga do Centro de Controle de Zoonoes (CCZ) que faz o monitoramento da doença na cidade, Regina Lex Engel analisa que os números apontam para o controle da maculosa na cidade, tendo em vista a não confirmação da doença neste ano.
Apesar disso, Regina lembra que é preciso manter o alerta para os riscos da doença, transmitida pelo carrapato-estrela e que pode levar à morte.
“O período de maior incidência da febre maculosa no Estado de São Paulo começou em maio e segue até setembro, porém, em Piracicaba é diferente já que os casos podem surgir durante todo ano. Isso porque temos fatores que contribuem para isso, como o rio que corta a cidade e isso exige ainda mais cuidado tanto da população quanto do poder público”, ressalta.
Ela lembra que o rio é considerado cartão-postal da cidade, atraindo muitos piracicabanos e turistas às suas margens.
“No entanto, o local também é o preferido das capivaras, um dos principais hospedeiros do carrapato-estrela, por isso o CCZ mantém placas de alertas da presença do carrapato e da doença, além de manter diversas ações de orientação e conscientização da população durante o ano todo, de forma ininterrupta”, afirma.
Além das margens do Piracicaba, desde o bairro Monte Alegre até Artemis, outras áreas identificadas como de maior risco de contaminação pela doença são as as seguintes:
Margens do Ribeirão Piracicamirim
Córrego Guamiun
Lagoa do Santa Rita
Margem do Rio Corumbataí
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) reforça que as pessoas que moram ou se deslocam para áreas de transmissão estejam atentas ao menor sinal de febre, dor no corpo, desânimo, náuseas, vômito, diarreia e dor abdominal e que procurem um serviço médico informando que estiveram nessas regiões para fazer um tratamento precoce e evitar o agravamento da doença.
O CCZ informou que conta com equipe de profissionais que dão apoio no trabalho de controle da doença por meio de trabalhos educativos nas escolas públicas e particulares da cidade, além de empresas. A solicitação da visita orientativa deve ser feita por meio do SIP 156 ou pelo telefone (19) 3427-2400.
Saiba mais sobre a doença
O que é a febre maculosa? Segundo o Ministério da Saúde, “a febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável”, ou seja: há formas leves e formas graves (“com elevada taxa de letalidade”). Os sintomas podem ser facilmente confundidos com os de outras doenças que causam febre alta.
O que causa a doença? A doença é causada, no Brasil, por duas bactérias do gênero Rickettsia, e a transmissão ocorre por picada de carrapato. A Rickettsia rickettsii causa a versão grave e é encontrada no norte do Paraná e no Sudeste. A Rickettsia parkeri leva a quadros menos severos e é encontrada em áreas da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, na Bahia e no Ceará.
Quais carrapatos transmitem? No país, são os carrapatos do gênero Amblyomma, principalmente aquele conhecido como carrapato estrela. Mas o ministério alerta que qualquer espécie pode transmitir a febre maculosa, inclusive o carrapato do cachorro.
Dá para transmitir de pessoa para pessoa? Não. A transmissão por contato humano é impossível.
Quais são os principais sintomas? Febre; dor de cabeça intensa; náuseas e vômitos; diarreia e dor abdominal; dor muscular frequente; inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés; gangrena nos dedos e orelhas; e paralisia dos membros que começa nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando problemas respiratórios.
Mas e as manchas? O Ministério da Saúde alerta que, com a evolução do quadro, “é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés”.
Tem tratamento? Sim, com um antibiótico específico. Ele deve começar imediatamente assim que o médico suspeitar que o paciente está contaminado, antes mesmo da confirmação do resultado do exame.
Febre maculosa é transmitida por carrapato
Adelcio R Barbosa/ Prefeitura de Contagem/Divulgação
Outras cidades da região
A Prefeitura de Limeira informou ao g1 os registros da doença em 2022 e 2023. No ano passado, os três casos confirmados causaram a morte dos pacientes.
Neste ano, até terça-feira (13), havia cinco casos suspeitos sob investigação e um confirmado que causou a morte de um adolescente de 17 anos.
Já Santa Bárbara d’Oeste, Nova Odessa, Cosmópolis e Iracemápolis informaram que não têm casos confirmados neste ano.
Ciclo da febre maculosa envolve carrapatos e capivara
Amanda Paes/G1
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