Fotos aéreas, laser, infravermelho e satélite: conheça tecnologias que vão mapear áreas de risco e desmatamento no estado de SP


Sistema permitirá identificar desmatamentos “maquiados” por copas de árvores, a partir de nível de umidade, e identificar profundidade da água em solos com risco de deslizamentos. Previsão é implantação completa em fevereiro de 2024 e início deve ser no litoral e região de Piracicaba. ARQUIVO: Deslizamento após chuvas em comunidade de Piracicaba, em janeiro de 2023
Edijan Del Santo/ EPTV
Um mapeamento de áreas de risco e de desmatamento anunciado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SDUH) do Estado de São Paulo vai utilizar tecnologias como fotos aéreas em alta resolução, infravermelho, laser e satélite para aumentar a precisão no monitoramento e planejamentos de ações nas 645 cidades do território.
As ações devem ter início no litoral e na região de Piracicaba e a previsão é de que o sistema esteja disponível para todas até fevereiro de 2024.
Contratado pelo Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC), vinculado à SDUH, o mapeamento é feito por uma aeronave, na qual é acoplada uma câmera fotogramétrica com resolução espacial de 25 centímetros que cobre toda a área a ser mapeada.
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“Imagine você fotografar um imóvel a quatro metros de altura do teto dele. É mais ou menos como fazer um voo a quatro metros do telhado”, exemplifica o subsecretário de desenvolvimento Urbano do Estado de São Paulo, José Police Neto. Segundo ele, o uso dessas tecnologias em alta escala territorial, como será realizado, é inédito.
Police Neto explica que, além do desmatamento mais aparente, a tecnologia permitirá perceber a redução de densidade de áreas vegetais não visíveis pela imagem convencional, através de uma banda de infravermelho.
“Porque a imagem, muitas vezes, pode mostrar uma cobertura que continua verde, mas você já extraiu tudo que está embaixo da copa. E para que a imagem mostre que está igual, [quem desmatou] mantém as copas intactas. Com o infra, você vai captar a umidade dentro das áreas verdes. Se você retirar tudo que tem debaixo da copa, aumenta a temperatura, reduz a umidade. Então, mesmo mantendo a cobertura vegetal, eu vejo que está tendo desmatamento”, detalha.
Exemplos de imagens de voo do IGC
Instituto Geográfico e Cartográfico
Um laser digital de superfície vai monitorar as áreas de risco, para identificar onde há água associada a risco hidrológico e geológico. Tratam-se de mapas que identificam os níveis de riscos com cores.
“O laser vai conseguiur medir profundidade. Quando é profundidade com água e solo frágil, ele tem uma informação precisa de que ali é um local suscetível a escorregamento”, aponta.
Já uma tecnologia chamada de ortofoto, que usa bandas chamadas de RGB, será utilizada para calcular a massa das construções e auxiliará em ações envolvendo uso e ocupação de solo, zoneamento urbano e política fiscal.
“Vai ter menor imprecisão no lançamento do IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano]. Porque a ortofoto vai te dar exatamente as dimensões que aquele imóvel tem […] Eu sou mais justo naquele modelo de cobrança. E eu sei também o quanto a cidade suporta [em relação à expansão habitacional]”, exemplifica.
Exemplo de comparativo de ocupação ao longo do tempo na cidade de São Paulo
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No caso desses mapeamentos, a previsão é de que, a partir do segundo semestre, sejam iniciados treinamentos de servidores municipais que vão participar e, até outubro, sejam finalizados os voos para captação de imagens e apoio de campo. No entanto, haverá mapeamentos sendo liberados de acordo com a evolução da captação.
Por fim, em fevereiro, está prevista a liberação do sistema funcionando integramente para todas as cidades. A previsão é priorizar o litoral, que tem maios propensões a riscos de deslizamentos, e depois realizar o trabalho na Região Metropolitana de Piracicaba (RMP), que já teve secretários de Habitação e prefeitos articulando a realização do trabalho com o governo estadual, segundo Police Neto.
Um dos focos do projeto é evitar tragédias como a que envolveu inundações e deslizamentos na região de São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo, em fevereiro deste ano, quando 40 pessoas morreram e quase 2,5 mil tiveram que sair de casa.
Exemplos de imagem captadas em Piracicaba
Instituto Geográfico e Cartográfico
Imagens de satélite
Paralelamente, a partir de junho, uma parceria com a Polícia Federal (PF) vai permitir monitoramento com imagens de satélite para cerca de dois terços do estado. O subsecretário explica que isso permitirá comparações frequentes entre imagens.
“Ao sobrepor as imagens, mensalmente a gente vai conseguir avaliar se a gente está tendo contenção em áreas de risco, se as famílias estão saindo, se as edificações estão sendo demolidas. Você passa a ter um sistema que acompanha, monitora e que faz a contenção”.
Ele explica que, após as captações das imagens, elas são recebidas por órgãos como o Instituto de Pesquisas Técnicas (IPT) e Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), que vão realizar interpretações a partir de diferentes informações, como meio físico, hidrológico, geológico e construções.
As informações serão unificadas em um sistema que vai enviar alertas para o estado e todas as prefeituras.
O estado que vai financiar o sistema e as prefeituras vão ter acesso a ele gratuitamente. A única contrapartida será o fornecimento de informações locais, como o uso que é realizado do território e dos seus imóveis.
Vista aérea de Piracicaba
José Furlan Pissol
Identificar fragilidades e potenciais
O subsecretário aponta que, além de identificar fragilidades, o sistema também poderá ser utilizado a favor do desenvolvimento das regiões, seja pelo setor público quanto pelo privado.
“Funciona como oferta técnica de controle, mas informação é controle, monitoramento, mas também é desenvolvimento. Você encontra os territórios frágeis, que você tem de preservar, mas também encontra as potencialidades, onde você tem que investir, onde você tem que estimular e fomentar o agente privado a empreender. Serve para um lado e para o outro”.
“Dentro do desenvolvimento sustentável está o controle. Você só vai ser sustentável se você tiver condições de identificar onde estão as fragilidades do crescimento urbano”, completa.
52 áreas de risco na metrópole em 2019
Em Piracicaba, especificamente, em dezembro de 2019 foi apresentado um levantamento de áreas de risco no projeto do novo Plano Diretor de Desenvolvimento da cidade. Esse mapeamento apontou a existência de 52 áreas de risco na cidade.
Os dados foram levantados para que sejam levados em conta para a aprovação de novas construções nestas regiões. Órgãos técnicos poderão até vetar a obra ou prever vãos para escoamento de água.
O mapeamento apresentado no novo plano divide as 52 áreas em três grupos de risco: inundação, deslizamento e solapamento (áreas onde encostas às margens de rios podem se soltar).
Mapeamento de áreas de risco em Piracicaba vai servir como base para análise de novas construções nestas regiões
Reprodução
Confira abaixo as áreas listadas no levantamentos:
Avenida Corcovado – Santa Terezinha
Rua Ary Barroso – Santa Terezinha
Rua Angelo Florindo – Santa Terezinha
Avenida Coronel Inácio da Motta Pacheco – Vila Rezende
Rua Lilian Guerrini Sega e Rua Rosa Pizzeli D’Abronzo – Jardim Monumento
Hospital dos Plantadores de Cana – Vila Rezende
Rua Ottília Nascimento da Silva – Loteamento Jardim Paraíso
Avenida Pedro Hebechian – Loteamento Jardim Itapuã
Avenida Antonio Dumith e Rua Felício Nalin – Santa Terezinha
Viaduto Avenida Rio Claro e Avenida Santa Rosa – Areião
Cruzamento entre Rua Padre Lopes e Rua Liberato Macedo – São Dimas (próximo ao Cena)
Avenida Centenário, entre as ruas José Fernando de Camargo e Ajudante Albano – São Dimas
Rua Santa Cruz e Avenida Saldanha Marinho – São Judas
Rua Prudente de Moraes, entre as ruas São João e Bernardino de Campos – Cidade Alta
Rua Ulha Cintra – Centro
Rua Ipiranga e Rua Riachuelo – Cidade Alta
Avenida 31 de Março (Ribeirão Itapeva)
Rua Erotides de Campos – Paulicéia
Rua André Kerekes – Paulicéia
Rua Bela Vista – Vila Independência
Rua Samuel Neves e Rua Santos Dumont – Vila Independência
Rua João Ruggia – Vila Monteiro
Bairro Morumbi
Travessa Dom Luiz de Bragança – Vila Rezende
Rua Cíceo P. de Toledo – Nova Piracicaba
Rua João Pedro Corrêa – Santa Terezinha
Avenida Francisco de Souza – Vila Rezende
Rua Cincinato da Silva Braga – Nova América
Rua João Stella Jr. – Loteamento Altos da Pompéia
Rua São Pedro – Balbo
Rua João Carregari – Loteamento Grand Park Residencial
Avenida Roma – Loteamento Jardim Três Marias
Avenida dos Patriotas – Jaraguá
Rua Pascoal M. Gatti – Loteamento Jardim Nova Iguaçu
Rua Joana D’arc – Nova Piracicaba
Avenida Antonio Pazzinato Sturion
Rua Oliveiro Porta – Santa Terezinha
Rua Arthur Madeira – Vila Cristina
Avenida Thalles C. de Andrade – Loteamento Jardim das Flores
Rua Bueno Aires – Água Branca
Rua João Francisco de Oliveira – Água Branca
Rua Tim Lopes – LOteamento Jardim Residencial Altafin
Rua Veridiana A. Elesbão – LOteamento Glebas Natalinas
Rua Paraíso – LOeamento Jardim Abaeté
Avenida Manoel Lopes Alarcon – Santa Rosa
Rua Campos Salles – Cidade Jardim
Bairro Verde
Jardim Itaberá e Jardim Itamaracá
Avenida Armando de Salles Oliveira – Centro
Viaduto Avenida 1º de Agosto
Rua Floriano Carraro – NOva Piracicaba
Avenida Jaú – Monte Líbano
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