Recém-formado aos 40, assistente social de Piracicaba sonha abrir centro de inclusão para jovens que deixam ressocialização


Com quase 2 décadas de trabalho dedicado às pessoas em situação de vulnerabilidade social e dependência química, Guerreiro enxergou gargalo no direcionamento de assistidos. Kleberson durante ações do Serviço Especializado em Abordagem Social de Piracicaba
Centro de Comunicação Social/ Prefeitura de Piracicaba
Além de conhecimento técnico e especialização, o diploma do recém-formado em assistência social, Kleberson Giovani Guerreiro, de 40 anos, é uma espécie de oficialização do trabalho que ele começou em comunidades carentes quando ainda era adolescente. Agora, profissional, o educador social de Piracicaba (SP) tem um novo sonho: abrir seu próprio centro de inclusão para jovens que deixam as instituições públicas de ressocialização. “Já tenho até o nome”, orgulha-se.
“A ideia é receber os jovens de 18 a 21 anos para que eles tenham uma base, assim que deixam a ressocialização. Muitas vezes, ao saírem das instituições por atingirem a maioridade, os meninos encontram um cenário de família desestruturada ou que não têm para onde ir e vão parar na ruas”, comentou.
Nesta segunda-feira (15), é celebrado o dia do assistência social. Kleberson é educador social e ainda não atua oficialmente na profissão pela qual se formou em fevereiro de 2023. Mas, está em busca de uma posição.
Com quase duas décadas de trabalhos dedicados às pessoas em situação de rua, pobreza, vulnerabilidade social e dependência química, Guerreiro conseguiu enxergar um gargalo no sistema de apoio e acolhimento, especialmente para os jovens.
“Sonho abrir meu próprio Centro de Acolhimento para aqueles jovens que, ao completarem 18 anos, deixam as instituições de ressocialização. O objetivo é oferecer a eles as primeiras condições de seguirem em frente depois desse processo. Dar o ponta pé inicial para que, amanhã, eles não se tornem pessoas em situação de rua, como geralmente acontece”, contou.
Kleberson Guerreiro sonha em abrir seu próprio centro de acolhimento a jovens em situação de vulnerabilidade
Kleberson Guerreiro/ Arquivo Pessoal
A motivação de Kleberson para realizar esse projeto está na lembrança de tantos rapazes que a assistência social conseguiu encaminhar para uma nova vida. Um deles, entretanto, marcou a história do educador e, segundo ele, dará nome ao centro de inclusão que quer inaugurar futuramente.
“As histórias que acompanhamos nos marcam. Mas, a do Diego é um exemplo para mim. Ele cresceu em abrigo, era soropositivo desde bebê. Quando adolescente, foi internado por dependência química, depois voltou ao mesmo centro de acolhimento onde cresceu e acabou morrendo por agravamento do quadro de tuberculose, doença oportunista em decorrência do HIV”, lembrou.
“Quando ele acordou do coma, ele pediu para me ver, mas não deu tempo. Combinei com ele que iria numa segunda-feira, ele morreu no sábado antes”, lamentou.
Kleberson atua como voluntário e missionário em comunidades de Piracicaba e São Paulo desde a adolescência
Kleberson Guerreiro
Trajetória
Kleberson começou a trabalhar em ações sociais dos 16 para 17 anos, ajudando no grupo de Vicentinos, frente da Igreja Católica que arrecada e distribui alimentos para famílias em situação de pobreza e vulnerabilidade em Piracicaba (SP). “Criamos uma conferencia de vicentinos jovens”, comentou.
Em 2010, ele foi para São Paulo, onde ficou por seis meses, com voluntário na Aliança de Misericórdia, instituição também voltada às pessoas em situação de rua. “Até passei pela experiência de dormir com eles na rua”, lembrou.
Na sequência, trabalhou em chamamentos públicos e também em ações voluntárias na Fundação Casa, em 2011. “Em 2017, fui trabalhar no Centro POP de Piracicaba, por meio de chamamento público e, depois no Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas) de Piracicaba “, contou.
A experiência nas instituições de acolhimento temporárias também foi tema do trabalho de conclusão do Curso de Assistência Social.
“O processo de encaminhamento e apoio a um dos assistidos pela instituição onde eu trabalhava me motivou a aprofundar minha pesquisa e trabalho de finalização da faculdade. Conseguimos fazer um projeto de uma horta com ele, encaminhamos para emprego e acolhimento. Ele, depois conseguiu um lar, formou família. O nosso orgulho é isso, é muito gratificante”, celebrou.
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