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O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que por décadas se posicionou como a principal força de oposição ao Partido dos Trabalhadores (PT), foi um dos maiores responsáveis pela guinada da política brasileira à extrema direita. Na ânsia de desgastar o governo petista e se beneficiar eleitoralmente, a legenda abriu mão de sua identidade e influência, contribuindo diretamente para o caos político e econômico que se instalou no Brasil nos últimos anos.
A aposta errada: enfraquecer o PT para tomar o poder
Após perder quatro eleições consecutivas para o PT (2002, 2006, 2010 e 2014), o PSDB não soube lidar com a rejeição popular. Em vez de reformular suas propostas e disputar a confiança do eleitorado com um projeto sólido, optou por uma estratégia oportunista: minar o governo petista a qualquer custo, sem medir as consequências.
A campanha de Aécio Neves em 2014 foi o ponto de virada. Derrotado por Dilma Rousseff em uma disputa apertada, o PSDB rompeu com o espírito democrático ao incentivar a narrativa de fraude eleitoral e pedir recontagem dos votos, mesmo sem provas. Essa postura irresponsável deu legitimidade ao discurso radical da extrema direita, que usou o descrédito das eleições para alimentar o antipetismo irracional.
O partido, que historicamente se colocava como uma força liberal-democrata, aderiu ao “quanto pior, melhor”. Ao invés de aceitar a derrota e se preparar para as eleições seguintes, ajudou a pavimentar o caminho para o impeachment de Dilma Rousseff, mesmo sem crime de responsabilidade comprovado.
O preço da conspiração: Temer no poder e Bolsonaro na liderança popular
Com a queda de Dilma em 2016, Michel Temer (MDB) assumiu a presidência com amplo apoio do PSDB. A legenda acreditava que, com um governo mais “palatável” ao mercado e com reformas impopulares em andamento, teria o controle político do país. No entanto, Temer, mergulhado em escândalos e sem apoio popular, aprofundou a crise e fez com que a insatisfação da sociedade aumentasse.
Nesse vácuo, a extrema direita de Jair Bolsonaro soube se apropriar do discurso antipetista e se colocar como alternativa “antissistema”. O PSDB, que imaginava colher os frutos do desgaste do PT, assistiu impotente à ascensão de Bolsonaro, sendo engolido pelo radicalismo que ajudou a fomentar.
A elite econômica, que antes via o PSDB como sua principal representação política, trocou o partido por Bolsonaro, que prometia implementar uma agenda ultraliberal sem mediações com o Congresso ou preocupação com o tecido social. Quando perceberam o desastre que estava sendo construído, os tucanos já não tinham mais influência para frear o extremismo.
O naufrágio político: a implosão do PSDB
Sem identidade e sem discurso, o PSDB foi aos poucos se dissolvendo. João Doria tentou resgatar a relevância do partido, mas enfrentou rejeição interna e a dificuldade de dialogar com um eleitorado que já havia migrado para a extrema direita. Em 2022, o partido sofreu sua maior derrota eleitoral, praticamente desaparecendo do cenário nacional.
A legenda, que já governou o Brasil com Fernando Henrique Cardoso e esteve à frente de grandes estados como São Paulo e Minas Gerais, tornou-se um espectador irrelevante do jogo político. Sua aposta no golpe contra Dilma, sua conivência com Michel Temer e sua inércia diante do avanço da extrema direita o transformaram em uma força esvaziada, sem protagonismo e sem perspectiva de futuro.
Conclusão: um suicídio político para “matar” o PT
O PSDB cavou sua própria cova ao acreditar que enfraquecer o PT seria suficiente para recuperar o poder. A extrema direita soube capturar o antipetismo e usá-lo como ferramenta para destruir não só o PT, mas também seus antigos adversários de centro-direita.
No fim, o partido que pediu a “recontagem dos votos” e celebrou que o PT “sangraria até cair” foi quem mais perdeu. O PSDB deixou de ser uma força competitiva e foi substituído por figuras que antes estavam à margem da política. Enquanto isso, o PT, mesmo combalido, conseguiu se reerguer e voltar à presidência.
O PSDB errou ao permitir que a sede de vingança substituísse a política. Hoje, paga o preço por sua escolha.