Vereador citado como testemunha nega que recebeu oferta de propina para votar contra cassação de prefeito em Piracicaba


Zezinho Pereira (União Brasil) diz que não participou de reunião em que teria ocorrido oferta de propina, conforme relato do vereador Paulo Campos (Podemos). Sessão da Câmara de Piracicaba em 19 de junho de 2023
Guilherme Leite/Câmara
O vereador Zezinho Pereira (União Brasil), de Piracicaba (SP), negou ter testemunhado oferta de propina relatada pelo parlamentar Paulo Campos (Podemos), para que votasse contra o pedido de cassação do prefeito Luciano Almeida (sem partido).
Campos disse, em reunião ordinária na Câmara na segunda-feira (19), que foi parado no estacionamento da Casa de Leis e recebeu a proposta. O parlamentar não informou quem teria feito a proposta e nem apresentou provas durante a reunião ordinária. Paulo Campos também não retornou as várias tentativas de contato da reportagem para esclarecer a situação em que isso ocorreu.
Zezinho Pereira emitiu uma nota nesta quarta-feira (21), em que diz que foi procurado por várias pessoas, inclusive secretários da administração, no dia da votação da comissão que ia avaliar a cassação, mas não citou proposta de propina.
Ele negou ter participado de encontro no estacionamento na Câmara, onde teria ocorrido a oferta de propina, mas diz que acredita que possa ter ocorrido de forma individual com o outro parlamentar.
“Outro ponto que me causa estranheza, é de que houve reunião no estacionamento da Câmara Municipal, com vereadores, contudo tal evento não ocorreu. Acredito que possa ter acontecido conversas individuais, acredito nisso até porque se tratava de uma votação muito relevante para todos da cidade de Piracicaba.”
Ele disse também que chegou a participar de uma reunião convocada pelo prefeito, com o Chefe de Gabinete e advogado. “O que se foi falado é que o prefeito prometeu que iria atender as demandas do gabinete apenas aqueles que votassem contra o recebimento, ensejando assim que qualquer voto contrário aos seus interesse seriam tratados como oposição, e assim sendo não seriam atendidos”, diz trecho da nota.
O parlamentar diz que informou que não votaria a favor dos interesses do prefeito, porque em uma enquete feita com a população, o resultado concordava com a cassação dele.
Vereador relata ter recebido proposta de propina para votar contra cassação de prefeito
Proposta de propina
Durante a sessão de segunda-feira, Paulo Campos criticou o governo municipal e disse que falaria “uma bomba”. Ele relatou que recebeu a proposta no dia da votação da comissão que ia avaliar a cassação do prefeito, que foi rejeitada pelos vereadores.
Campos afirmou que estava no estacionamento da Câmara, junto com o vereador Zezinho Pereira, quando foi abordado por alguém oferecendo dinheiro para que votasse contra a cassação do prefeito. Ele disse que recusou a proposta, assim como o outro parlamentar que o acompanhava.
Ele não detalha, porém, quem fez essa abordagem e se fez uma denúncia sobre o assunto. Também não diz se tem provas sobre o crime. Confira a fala na íntegra transcrita abaixo:
“Vou trazer uma informação que vai ser uma bomba. Zezinho Pereira estava comigo. Nós estávamos no estacionamento da Câmara, quando chegamos aqui no dia da votação do pedido da cassação do senhor prefeito Luciano Almeida […] Ofereceram propina para mim e para o vereador Zezinho Pereira para que nós votássemos contra a cassação do senhor Luciano Almeida. Esse vereador nunca pegou e nunca vai pegar [propina]. Importante que fique registrado, já que é para ir para o embate, eu tenho testemunhas. Parou a mim e parou ele e ofereceram dinheiro para que nós votássemos contra. Eu falei ‘não, meu amigo, não aceito proposta, nunca precisei’. Estou pegando dinheiro de agiota, mas nunca peguei e nunca vou pegar [propina]. E não tenho medo, se quiser vir para cima pode vir que eu não tenho medo. É muito grave o que está sendo falado, então que fique registrado.”
Antes de falar sobre a proposta, Paulo Campos criticou o governo municipal de várias formas e chegou a dizer que “esse é o pior prefeito da história de Piracicaba.”
Em nota, a Prefeitura de Piracicaba informou que, se há alguma denúncia, o vereador deve formalizá-la na Justiça para que seja averiguada.
O g1 entrou em contato com o parlamentar para saber o motivo de não ter denunciado a situação antes e se vai fazer algum tipo de denúncia oficial sobre o assunto. Apesar das várias tentativas de contato, Paulo Campos não retornou.
A Câmara de Vereadores disse em nota que aguarda o posicionamento formal do vereador Paulo Campos, com informações detalhadas sobre o denunciado por ele. “A partir disso, a Câmara verificará quais providências poderão ser tomadas e os possíveis encaminhamentos que serão realizados.”
A reportagem também entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) para saber se o caso chegou a ser registrado na Polícia Civil, mas a pasta informou que não encontrou registro.
O Ministério Público não respondeu se vai apurar a fala do vereador.
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