Censo 2022: com menor expansão populacional em 5 décadas, região de Piracicaba mantém tendência de desaceleração


Entre a década de 1970 e 1980, houve ‘boom’ habitacional de 56,8%, enquanto o Censo de 2022 mostra uma elevação de 9,86% em relação ao de 2010. Imagem aérea de Piracicaba
Vagner Santos
Dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (28), revelam que, na comparação com o levantamento de 2010, a região de Piracicaba (SP) teve o menor crescimento populacional em cinco décadas.
O cenário mostra a continuidade em uma tendência na desaceleração da expansão demográfica desde a década de 1970.
Entre 1970 e 1980, houve um “boom” habitacional de 56,8% na região. Desde então, os percentuais foram reduzindo ao longo das décadas chegando, finalmente, a um crescimento de 9,86% da população na comparação entre o Censo de 2010 e o de 2022.
Santa Bárbara cai de 147% para 1,85%
Em algumas cidades, a desaceleração é ainda maior. É o caso de Santa Bárbara d’Oeste (SP), que apresentou um salto populacional de 147% entre a década de 70 e 80 – passando de 31 mil para 76,6 mil moradores -, e no novo Censo teve uma elevação de 1,85%, de 180 mil para 183,3 mil residentes.
Nova Odessa (SP) apresentou uma expansão demográfica de 162,6% no Censo de 1980 – passando de 8,3 mil pessoas para 21,8 mil -, e na nova contagem subiu de 51,2 mil para 62 mil, o que representa uma alta de 21,03%.
Já Rio das Pedras (SP) cresceu 51,1% há cinco décadas – de 8,9 mil moradores para 13,4 mil – e, na nova atualização, teve alta de 6,19%, passando de 29,5 mil para 31,3 mil.
“De fato, é esperado um crescimento cada vez menor da população em geral. No Brasil, a taxa de fecundidade é inferior a 2,1 filhos por mulher, o que é a taxa mínima para que haja reposição populacional. A tendência é de queda dessa taxa. Permanecendo assim, om Brasil tende a depender de imigração para não perder população”, analisa o doutor em geografia humana pela Universidade de São Paulo (USP), Roberto Braga.
“Um efeito preocupante é o aumento da proporção de idosos e a diminuição da proporção de jovens. Isso traz consequências negativas para o desenvolvimento como a queda da mão de obra e crise no sistema previdenciário. Há consequências importantes também para o sistema de saúde, pois a população idosa tende a demandar mais esse setor”, acrescenta.
Crescimento populacional da região ao longo das últimas cinco décadas
‘Booms’ habitacionais mais altos em 2010
Entre as 18 cidades de área de cobertura do g1 Piracicaba, as três com maiores altas habitacionais entre 2010 e 2012 foram Engenheiro Coelho, com alta de 24,46%, Nova Odessa (21,03%) e São Pedro (20,83%).
Já entre 2000 e 2010, alguns dos “booms” de população eram o dobro ou quase o dobro desses percentuais, como em Engenheiro Coelho (56,69%), Águas de São Pedro (43,76%) e Ipeúna (38,62%).
Vista aérea de Piracicaba
Prefeitura municipal de Piracicaba
Ritmo aumenta na metrópole e cidades menores
Mas nem todas as cidades da região tiveram redução gradual no crescimento populacional. É o caso da metrópole Piracicaba, que entre o Censo de 2000 e 2010 teve uma queda de 15,97% para 10,76% na evolução demográfica, mas voltou a ter uma aceleração maior na contagem recém divulgada, que foi de 16,12%.
“A atração de novos migrantes em cidades maiores tem relação com o viés econômico que a migração continua a ter. […] E as maiores cidades têm mercado de trabalho maior. Essas cidades tendem a continuar atraindo mais migrantes do que cidades menores onde a própria estrutura do mercado de trabalho é menor”, analisa Eduardo Marandola Jr., Professor da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp.
Na comparação entre Censo de 2010 e de 2022, além de Piracicaba, tiveram uma escalada na expansão habitacional as cidades de Mombuca (de 5,12% para 13,96%), Rafard (de 3,01% para 4,10%) e São Pedro (de 13,5% para 20,83%), municípios de até 38 mil habitantes.
Em relação a estes municípios de porte menor, Marandola Jr. atribui o cenário à redistribuição do sistema produtivo para um espaço mais amplo e à maior flexibilidade de residência.
“A pandemia afunilou isso quando muitas pessoas se mudaram de cidades maiores e foram morar em áreas rurais das cidades pequenas e médias e continuaram mantendo seu trabalho, dadas as possibilidades do teletrabalho e da mobilidade para exercer ou acessar os serviços”.
Para ele, isso reconfigura as opções locacionais de residência e cria a chamada “região como espaço vivido”.
“Nós passamos a viver regiões articuladas de cidades e não apenas uma cidade, num modelo que é muito característico até a primeira metade do século 20. E hoje nós estamos no ápice desse movimento com uma grande região articulada por sistemas de transportes e possibilidades de comunicação servindo como possibilidade locacional para residências e o mercado de trabalho”.
Média de crescimento habitacional por ano na região de 2010 a 2012
Censo do IBGE
O Censo é uma pesquisa realizada pelo IBGE para fazer uma ampla coleta de dados sobre a população brasileira. Ela permite traçar um perfil socioeconômico do país, já que conta os habitantes do território nacional, identifica suas características e revela como vivem os brasileiros.
Todos os 5.568 municípios brasileiros, mais dois distritos (Fernando de Noronha e Distrito Federal), num total de 5.570 localidades, receberam visita de recenseadores. Segundo o IBGE, foram visitados 106,8 milhões de endereços em 8,5 milhões de quilômetros quadrados.
Foram respondidos 79.160.207 questionários, dos quais 88,9% com 26 quesitos e 11,1% com 77 quesitos. No total, 98,88% das entrevistas foram presenciais; o restante foi pela internet ou telefone.
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