Segundo MP, eles balearam investigado após invadirem sua casa. Polícia Militar diz que houve troca de tiros, mas Promotoria diz que uma arma foi apresentada por agentes envolvidos para desviar investigações. Outros cinco PMs tiveram medidas cautelares impostas. Viaturas na rua da ocorrência em Piracicaba, em 9 de maio
Polícia Militar
A Justiça de Piracicaba (SP) decretou a prisão preventiva de dois policiais militares denunciados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) por tentativa de homicídio contra um suspeito de roubos realizados na cidade.
Também foram determinadas medidas cautelares para outros cinco policiais que participaram da ação, como proibição de se aproximarem da vítima.
Segundo a denúncia, assinada pelo promotor Aluisio Antonio Maciel Neto, diante das suspeitas de roubos, os sete PMs decidiram realizar investigações e, por volta das 12h30 do dia 9 de maio deste ano, na Rua Antônio Flavio de Andrade, no bairro Novo Horizonte, realizaram um cerco na casa do investigado e a invadiram.
Também conforme a representação da Promotoria, ele foi levado a um corredor nos fundos do imóvel e, lá, foi questionado sobre mercadorias roubadas e drogas, e recebeu a exigência de que “arrumasse uma arma em quinze dias”, o que negou.
O MP aponta que, então, a fim de realizar “justiça com as próprias mãos”, dois dos policiais resolveram matar o homem e, por aproximadamente de 14 minutos, enquanto ele suplicava por sua vida, efetuaram cerca de três disparos de arma de fogo, atingindo seu tórax e uma perna.
Ainda conforme o relato, por volta das 13h02, um dos PMs acionou o resgate mas, cerca de três minutos depois, com o homem suplicando por “socorro”, foi alvejada por mais um tiro.
A denúncia aponta que um terceiro policial deu cobertura aos dois autores da tentativa de homicídio, enquanto outros quatro ficaram em frente à casa sem impedir a ação dos colegas, o que levou a serem denunciados por omissão dolosa – quando há intenção de realizar a ação.
A versão da PM é de que o homem teria trocado tiros com os agentes. No entanto, a Promotoria aponta três dos policiais apresentaram uma arma de fogo não relacionada à ocorrência, a fim de desviar as investigações e ficarem isentos de responsabilizações.
Para o MP, o crime foi cometido por motivo torpe e emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
“O crime perpetrado pelos denunciados é extremamente grave, uma vez que, sendo policiais militares, deveriam prezar pela preservação da integridade física da vítima, mesmo que ela tenha sido autora de crimes. Tal fato não justifica, em nenhuma hipótese, a conduta de executá-la com tiros”, aponta o promotor.
Ele destaca que a Constituição não admite pena de morte no país.
Arma que os PMs relataram que teria sido apreendida com suspeito
Polícia Militar de Piracicaba/ Divulgação
Prisões e medidas cautelares
Durante o andamento das investigações, os dois policiais acusados de tentativa de homicídio foram presos. E, neste domingo (9), a Vara do Júri e Execuções de Piracicaba determinou a prisão preventiva deles.
“Os acusados estão envolvidos na prática de delito de homicídio qualificado, tentado, e conexos, delitos estes que afrontam a sociedade ordeira, pela destacada gravidade, pois aos agentes ativos que neles se envolvem, revelam possuir, em regra, personalidade violenta e extrema periculosidade”, argumenta o juiz Luiz Antonio Cunha, ao justificar a determinação da prisão preventiva.
Em relação aos outros cinco, determinou as seguintes medidas cautelares:
Comparecer bimestralmente em juízo para informar e justificar suas atividades;
Proibição de manter contato com a vítima, seus parentes e testemunhas, mantendo deles distância mínima de 300 metros;
Proibição de sair da cidade sem autorização judicial, com exceção de motivos justificados de trabalho.
Em caso de descumprimento das medidas, o juiz alerta que serão determinadas prisões preventivas dos acusados.
O g1 questionou a Polícia Militar a respeito do caso, mas não houve retorno até a última atualização desta reportagem.
PMs relataram troca de tiros
À época do caso, a PM comunicou que o suspeito foi baleado após trocar tiros com os policiais. Segundo a corporação, ele era autor de uma sequência de roubos a entregadores de um site de compras online.
Segundo a PM, equipes da 1ª Companhia realizavam patrulhamento pelo bairro Novo Horizonte quando se depararam com o investigado armado com um revólver e, ao ser notado, fugiu para dentro de uma casa, que foi cercada pelos agentes.
De acordo com o registro policial, de dentro da casa o homem efetuou dois disparos contra um dos policiais, que reagiu o atingindo com três disparos. Outro também foi efetuado por outro policial.
Após os disparos, o suspeito caiu, soltou a arma e foi socorrido pela equipe de resgate do Corpo de Bombeiros e levado até o Hospital dos Fornecedores de Cana (HFC) de Piracicaba.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), as armas foram apreendidas e a perícia acionada. Na ocasião, o caso foi registrado como lesão corporal decorrente de intervenção policial.
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