Higor Francisco sofreu o acidente no dia 27 de abril e só conseguiu transferência para hospital especializado na madrugada desta quinta-feira (4); família alega negligência. Morre morador de Santa Bárbara d’Oeste que teve queimaduras após explosão de um tacho
A irmã de um assistente de obras de 27 anos que morreu, na madrugada desta quinta-feira (4), após ter 50% do corpo queimado por causa da explosão de um tacho, em Santa Bárbara d’Oeste (SP), cobrou justiça em relação ao caso em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo.
Beatriz Francisco explicou que o irmão, Higor Francisco, sofreu o acidente no dia 27 de abril, quando foi ajudar uma vizinha, que estava fazendo carne no tacho, a reacender o fogo. No entanto, houve uma explosão enquanto ele erguia um arado e a maior parte das chamas o atingiu.
Higor ficou internado no Hospital Santa Bárbara por seis dias. Durante esse período, a família tentou transferir ele para uma unidade de tratamento de queimaduras, mas recebia a informação de que nenhum hospital público com essa especialidade tinha vagas.
A família acionou a Justiça e, depois de duas liminares, um leito surgiu na noite de quarta-feira (3), mas ele morreu dentro da ambulância, enquanto era transferido para o o Hospital Irmãos Penteado, em Campinas.
Higor Francisco morreu após ter 50% do corpo queimado por causa da explosão de um tacho em Santa Bárbara d’Oeste
Reprodução/Facebook
“Falaram que estavam procurando a vaga, que ia sair o mais rápido possível e o meu irmão ficou lá seis dias esperando. No domingo saiu a liminar que a juíza deu pra gente. Na segunda-feira, a gente esperou e não saiu a vaga. A advogada entrou com a segunda liminar, eles tinham até as 17h de terça-feira para transferir o meu irmão e meu irmão não foi transferido”, conta a irmã.
“Na quarta-feira, a gente foi na visita, a saturação dele de segunda-feira, de 96, 97, estava 30. Então, se ele tivesse sido transferido na segunda-feira, com a liminar, hoje meu irmão poderia estar lutando. Ele poderia ter tido uma chance”, diz Beatriz.
Higor era assistente obras e deixa uma filha de 4 anos. “O meu pedido é justiça para o que aconteceu com o meu irmão não aconteça com outras pesosas. A minha família está destruída. Meu irmão poderia ter tido uma chance de lutar, de voltar para casa com a gente, de cuidar da filha, ver a filha dele que tem 4 anos crescer, mas ele não vai poder ver”, lamenta a irmã.
Beatriz Francisco pede justiça após morte de irmão a caminho de tratamento especializado
Jefferson Barbosa/ EPTV
Unidade relata lotação frequente
O Hospital Irmãos Penteado é uma das duas unidades da região especializada em atendimentos de queimaduras nas regiões de Piracicaba e Campinas. Outro hospital de referência é a Santa Casa de Limeira (SP), onde existem dez leitos de enfermaria e dois de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para atender eses casos.
“A realidade na Santa Casa é quase todos os dias com 100% de ocupação. Então, a gente vê a possibilidade dentro da nossa taxa de ocupação no dia as possibilidades de trazer os pacientes. A lentidão às vezes da cicatrização do paciente, da melhora dele, que a gente depende disso, dele ter 100% da melhora dela para conseguir ter alta, às vezes fica um pouco difícil da gente trazer esses outros pacientes para cá. Hoje, para conseguir mais leitos por conta de estrutura física para gente fica um pouco mais difícil”, revela a supervisora das UTIs da Santa Casa de Limeira, Jaqueline Bento.
O que dizem prefeitura e estado
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que a transferência dependia, além da disponibilidade de vagas, do quadro estável do paciente para deslocá-lo a outro serviço de saúde sem riscos.
“A Central é apenas um serviço intermediário entre os serviços de origem e de referência. Seu papel não é criar leitos, mas auxiliar na identificação de uma vaga no hospital mais próximo e apto a cuidar do caso”, diz.
Já a Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste disse que, no mesmo dia do acidente, o paciente foi levado para um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa e que prontamente foi solicitada vaga em unidade especializada via Cross, mas que não havia disponibilidade naquele momento.
“Assim que a vaga foi disponibilizada pelo Governo do Estado e assim que o paciente apresentou condições estáveis para a transferência, a mesma ocorreu”, complementou.
Higor deve ser sepultado nesta sexta-feira (5) no Cemitério Parque dos Lírios, em Santa Bárbara.
Santa Casa de Santa Bárbara d’Oeste
Pedro Torres/EPTV
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