Questionamento ocorre após representação de vereadores que aponta falta de necessidade para contratação, já que unidades têm equipes e equipamentos suficientes, além de supostos problemas financeiros e trabalhistas da contratada. Secretaria diz que seguiu trâmites legais. UPA da Vila Cristina, em Piracicaba
Toni Mendes/ EPTV
O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) solicitou à Prefeitura de Piracicaba (SP) informações a respeito da contratação de uma Organização Social de Saúde (OSS) para administrar as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) Vila Sônia e Vila Cristina.
Os questionamentos foram feitos após a Promotoria receber uma representação de vereadores. A administração municipal diz que o procedimento ocorreu dentro da legalidade.
A administração anunciou a contratação da Associação Mahatma Gandhi, de Catanduva (SP), para realizar “gerenciamento, operacionalização, execução de serviços assistenciais de saúde, serviços de apoio administrativo e técnicos de saúde, e demais ações de saúde e atendimentos”, pelo valor de R$ 4,4 milhões por mês.
A OSS ofereceu o menor preço no valor R$ 266,3 milhões para prestar serviços nas duas UPAS durante cinco anos.
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Na representação, protocolada pelo vereador André Bandeira (PSDB) e também assinada pelos parlamentares Pedro Kawai (PSDB), Cássio Fala Pira (PL) e Silvia Morales (PV), é citado que, segundo regulamentação do Ministério da Saúde de maio de 2010, a administração pública pode contratar serviços privados desde que se comprove a impossibilidade de ampliação dos serviços públicos existentes.
Os parlamentares apontam que a OSS foi contratada para gestão total dessas unidades, no entanto, essas UPAs já possuem enfermeiros, técnicos de enfermagem, escriturários, atendentes e profissionais de serviços gerais, além de equipamentos para exames de imagens e exames clínicos.
“A Prefeitura de Piracicaba tem em seu quadro de pessoal cargos já existentes e preenchidos por funcionários públicos concursados que já estão trabalhando dentro das UPAs e fazendo suas funções perfeitamente e, por isso, é desnecessário a Prefeitura de Piracicaba abrir chamamento público para as UPAs do Vila Sônia e Vila Cristina para que façam a gestão plena naqueles locais”, argumentam.
Os vereadores também argumentam que a administração municipal tem citado que a rede de saúde da cidade tem déficit apenas de médicos.
“Se a justificativa para que o prefeito abrisse o chamamento público para contratação de médicos é por conta da baixa dos profissionais médicos contratados por concurso público, por que um chamamento público para gestão plena?”, questionam.
Além disso, contestam o fato de que há falta de médicos nas UPAs, que são fornecidos por meio de contrato com uma empresa terceirizada, e afirmam que o déficit ocorre em outras unidades, como o Centro de Especialidades Médicas (Postão) e os Postos de Saúde da Família (PSFs).
A representação ainda cita que empresas concorrentes, quando a prefeitura ainda realizava o processo para seleção da OSS, apontaram supostos problemas financeiros e trabalhistas na organização que foi a escolhida.
A assessoria de imprensa do MP-SP informou que foi instaurado um procedimento conhecido como notícia de fato, com base em representação protocolada, que antecede a decisão sobre abertura ou não de um inquérito. “Como primeira providência, foi expedido ofício a prefeitura local para que se manifeste acerca do teor da representação”, acrescentou.
UPA Vila Sonia, em Piracicaba
Ronaldo Oliveira/EPTV
Contratações mais rápidas, cita secretaria
Em nota, a Secretaria de Saúde de Piracicaba apontou que, com a gestão pela OSS, a contratação de profissionais será direta e mais rápida. E que os profissionais da saúde que atuam nas UPAs Vila Cristina e Vila Sônia atualmente vão compor os quadros das demais unidades de urgência e emergência da cidade.
A pasta garantiu que todo o procedimento para contratação de Organização Social de Saúde aconteceu de forma transparente e que vai responder aos questionamentos do MP-SP dentro do prazo.
A secretaria também afirmou que todo o processo de contratação da OSS foi aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde – órgão de representação da sociedade civil.
“A referida instituição apresentou todos os documentos exigidos no edital, inerentes à sua habilitação jurídica, regularidade fiscal, previdenciária, trabalhista e outros, os quais não demonstraram qualquer impedimento para participar desta seleção”, finalizou.
O g1 fez contato com a Associação Mahatma Gandhi nesta terça-feira (9) e solicitou um posicionamento em relação ao teor da representação, mas não houve retorno até a última atualização desta reportagem.
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MP questiona prefeitura sobre contratação de organização social para gestão de UPAs em Piracicaba
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