Médico explica que grande parte dos afogamentos ocorre em águas interiores, como piscinas, e que adultos muitas vezes se afogam porque estavam embriagados ao nadar. Número de mortes por afogamento cresceu em Limeira em 2024
Reprodução/Pixabay
O número de mortes causadas por afogamento cresceu 66,7% em Limeira (SP) durante 2024, em comparação ao ano anterior, segundo dados enviados pela Prefeitura.
Os três casos ocorridos em 2023 passaram a ser cinco neste ano. Veja ao longo da reportagem como prevenir afogamentos e como agir diante da situação.
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Nas três mortes ocorridas em 2023, as vítimas eram pessoas acima dos 35 anos. Já em 2024, das cinco fatalidades, duas foram de crianças entre 1 e 4 anos, enquanto as três demais também envolviam vítimas de 35 anos ou mais.
O médico cardiologista e intensivista Agnaldo Piscopo conta que, no panorama geral, a maior causa de morte acidental na infância, entre 1 e 4 anos, é o afogamento. A prevenção é o maior desafio dos profissionais e especialistas da área.
“A maioria dos afogamentos acontecem em águas interiores, ou seja, piscina, lago, represa, balde, máquina de lavar, qualquer coisa que tenha água sem vigilância pode ter afogamento. Mais comum no nosso meio com crianças são piscinas”, explica.
Alcool e água não combinam
Apesar das crianças necessitarem de mais atenção e supervisão, é preciso que os adultos também se previnam e tomem cuidado durante os dias na água.
Agnaldo explica que em adultos, a maior parte dos afogamentos está ligada ao consumo álcool. Segundo o médico, 85% das pessoas que se afogam ingeriram bebidas alcóolicas e entraram na água.
Dentro desse percentual, ele detalha que muitas vezes a pessoa, por estar alcoolizada, perde o cuidado e, ao mergulhar, bate e cabeça e se afoga.
“A pessoa perde a noção do perigo e acaba se colocando em risco. Mesmo sabendo nadar, ou nadando com pouca habilidade, acaba se afogando. Álcool e água não combinam.”
Tipos de afogamento
Agnaldo explica ainda que o afogamentos ocorre quando há entrada de líquido no pulmão. Há, porém, diferentes graus de classificação da gravidade do acidente, em um escala de um a seis. Entenda:
Os mais leves, grau um e dois, são quando a pessoa tem uma pequena quantidade de líquido no pulmão. Nesses casos, a vítima tende a ficar mais cansada e com dificuldade para respirar;
No grau três, o afogamento já acaba deixando a pessoa mais confusa, faltando mais oxigênio. Nos níveis em diante, as consequências na passam a ser mais delicadas;
Quando há afogamento de grau cinco, significa que houve uma falta importante de oxigênio no corpo;
O grau seis leva a uma parada cardíaca. Nesses dois casos, mesmo que o paciente seja socorrido e sobreviva, as chances de sequelas pela falta de oxigênio no cérebro são muito grandes.
“Temos vivência de pessoas que ficaram em estado vegetativo, em coma irreversível, que viveram assim por anos. Isso porque sofreram afogamento com lesão cerebral grave. Quanto mais tempo submerso, mais chance do coração parar. E a causa é a falta de oxigênio”, explica.
Como agir em emergências
Indicação é de retirar a vítima da água e realizar manobras de ressuscitação
Corpo de Bombeiros / Divulgação
Ao se deparar com uma situação em que alguém se afogou, há uma série de orientações recomendadas pelo médico para que o melhor possa ser feito.
Em primeiro lugar, ele frisa a importância da prevenção. “Cercar a piscina, não deixar a criança sem supervisão. Quando tiver um evento, colocar um ‘guardião’ da piscina, nem que seja contratado.”
Quando ocorrer de encontrar alguém afogado, há duas possibilidades 👇
Se a pessoa estiver sob a superfície da água – jogar algo para que ela se agarre, seja uma boia ou uma caixa de isopor, algo que seja possível puxar.
Se a pessoa estiver submersa – é preciso tirar a pessoa imediatamente da água e iniciar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar caso ela não esteja respirando.
As manobras de ressuscitação devem seguir um passo a passo descritos pelo médico. Primeiro, deve ser feita uma série de cinco respirações boca-a-boca, seguidas de 30 compressões torácicas. Depois desta primeira série, deverá ser realizada uma intercalação, entre duas respirações e 30 compressões.
Caso não haja afogamento real, não há recomendação para a manobra boca-a-boca. Se houver afogamento e a pessoa não estiver respirando, o procedimento pode ter início ainda na água, enquanto está a caminha da borda para sair.
🚨 Agnaldo adverte: caso o local onde a vítima estiver submersa seja fundo e as demais pessoas não tenham habilidade, não se deve entrar na água e arriscar a se tornar a segunda vítima. A recomendação é acionar o Corpo de Bombeiros através do 193, número destinado ao salvamento de pessoas, e aguardar a chegada dos profissionais.
*Estagiária sob supervisão de Yasmin Castro.
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