Entomólogo da Esalq/USP, Carlos Alberto Perez, explica como é possível se proteger do parasita que, muitas vezes, passa despercebido ao olhar humano. A doença infecciosa é transmitida através do carrapato-estrela infectado e para a qual não há vacina
G1
Piracicaba (SP) é considerada endêmica para febre maculosa devido ao Rio que leva o nome da cidade e às matas ciliares que abrigam colônias de capivaras, um dos animais hospedeiros do vetor da doença, o carrapato-estrela. O entomólogo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), Carlos Alberto Perez, explica que repelentes comuns não são 100% eficazes contra o parasita que, muitas vezes, passa despercebido ao olhar humano. Veja orientações de como se proteger.
O professor Perez, que também é membro da Comissão Permanente da Febre Maculosa da Esalq, o campus da Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba, alerta que os repelentes mais comuns, encontrados nas prateleiras de supermercados e farmácias, não tem efeito duradouro.
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“Esses produtos que, para repelência de mosquitos funciona por cerca de seis horas, no caso do carrapato tem efeito de duas horas apenas, aproximadamente. Se cair uma chuva, por exemplo, e a pessoa se molhar, passa o efeito. Por isso, é preciso repassar sempre na pele”, especifica.
Repelente tem efeito por duas horas na proteção contra carrapatos, diz especialista
Reprodução/RPC
No caso dos inseticidas, para ambientes, o especialista explica que há vários produtos registrados no Brasil para se evitar infestação de carrapatos e outras pragas. O professor e entomólogo aponta qual é substância mais eficaz para esse tipo de parasita, especialmente quando o parasita ainda não atingiu a fase adulta.
“No entanto, para o controle do carrapato-estrela, especialmente, são os inseticidas feitos à base do princípio ativo chamado lambda-cialotrina, que funciona também quando o parasita está na fase de larvas ou ninfas, antes da fase adulta”, salientou.
As capivaras são infectadas pela febre maculosa apenas uma vez na vida e não apresentam sintomas, resistem bem à infecção.
Tomaz Nascimento de Melo
Perez adverte que o inseticida não funciona bem para o controle do carrapato-estrela quando o parasita já atingiu a vida adulta. Nesse caso, o ideal, segundo o especialista, é fazer o monitoramento periódico dos ambientes.
“É necessário fazer um mapeamento do local em manejo para se saber onde há pontos principais de presença de carrapatos. No caso de propriedades privadas, com frequência de pessoas de fora, ou empresas, é preciso atenção com o monitoramento periódico do ambiente para garantir que quem acessa a área o faz em segurança”, explicou.
Veja locais de risco na região de Piracicaba
As prefeituras de Piracicaba (SP), Limeira (SP), Nova Odessa (SP), Capivari (SP) e Cosmópolis (SP) listaram, a pedido do g1, as áreas de risco para contágio de febre maculosa, doença transmitida, principalmente, pela picada do carrapato-estrela.
O levantamento ocorre após Campinas (SP), cidade endêmica para a infecção, registrar quatro mortes por febre maculosa nos últimos dias.
Clique, aqui, para conferir os locais apontados pela Vigilância Epidemiológica de cidades da região de Piracicaba.
Carrapato-estrela pode carregar a bactéria que causa a febre-maculosa
Vinícius Rodrigues de Souza
Febre maculosa: saiba mais sobre a doença
O que é a febre maculosa?
Segundo o Ministério da Saúde, “a febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável”, ou seja: há formas leves e formas graves (“com elevada taxa de letalidade”). Os sintomas podem ser facilmente confundidos com os de outras doenças que causam febre alta.
O que causa a doença?
A doença é causada, no Brasil, por duas bactérias do gênero Rickettsia, e a transmissão ocorre por picada de carrapato. A Rickettsia rickettsii causa a versão grave e é encontrada no norte do Paraná e no Sudeste. A Rickettsia parkeri leva a quadros menos severos e é encontrada em áreas da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, na Bahia e no Ceará.
Quais carrapatos transmitem?
No país, são os carrapatos do gênero Amblyomma, principalmente aquele conhecido como carrapato estrela. Mas o ministério alerta que qualquer espécie pode transmitir a febre maculosa, inclusive o carrapato do cachorro.
Dá para transmitir de pessoa para pessoa?
Não. A transmissão por contato humano é impossível.
Quais são os principais sintomas?
Febre; dor de cabeça intensa; náuseas e vômitos; diarreia e dor abdominal; dor muscular frequente; inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés; gangrena nos dedos e orelhas; e paralisia dos membros que começa nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando problemas respiratórios.
Mas e as manchas?
O Ministério da Saúde alerta que, com a evolução do quadro, “é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés”.
Tem tratamento?
Sim, com um antibiótico específico. Ele deve começar imediatamente assim que o médico suspeitar que o paciente está contaminado, antes mesmo da confirmação do resultado do exame.
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