Contrabando de diamantes envolvia garimpo ilegal em três estados, aponta investigação da PF


Operação na última semana culminou na prisão de seis pessoas e apreensão de dezenas joias, pedras preciosas, grande quantia em dinheiro e carros de luxo. Garimpo ilegal era feito em terras indígenas e áreas de proteção ambiental, segundo a PF
Reprodução/Fantástico
A Polícia Federal de Piracicaba (SP) realizou na última quarta-feira (26) uma operação contra a extração e comércio ilegal de pedras preciosas. A investigação aponta que o contrabando começava com o garimpo ilegal em três estados. A informação foi revelada pelo Fantástico deste domingo (30).
Os diamantes eram provenientes dos estados de Rondônia, Mato Grosso e Minas Gerais. Segundo a Polícia Federal, os criminosos financiavam um esquema de garimpo ilegal dentro de territórios indígenas e áreas de proteção ambiental.
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Imagens exclusivas reveladas pelo Fantástico mostram parte dos locais onde era feito o garimpo. “Traz impactos extremamente negativos ao meio ambiente, aos recursos hídricos, à fauna e à flora. Os indígenas são os maiores prejudicados na extração ilegal das pedras preciosas”, afirmou o superintendente da PF em São Paulo, Rogério Giampaoli.
As imagens mostram, ainda, registros feitos pelos investigados, desde a extração ilegal, à venda no exterior. Assista:
Quadrilha registra como diamantes são contrabandeados do garimpo ilegal à venda no exterior
O delegado da Polícia Federal em Piracicaba, Henrique Souza Guimarães, também afirma que não havia autorização para garimpo nesses locais e as empresas não tinham autorização para a comercialização.
Os diamantes eram extraídos desses três estados e levados para São Paulo e Paraná em voos domésticos. A partir disso, as pedras eram enviadas para países como Turquia, Bélgica, Estados Unidos e Coreia do Sul.
Joias apreendidas em operação contra comércio ilegal
Divulgação/Polícia Federal
Operação
Durante o cumprimento de mandados, foram aprendidos carros de luxo, diamante bruto, joias, relógios, armas e dinheiro. Também foram presas seis pessoas, cinco delas no Brasil e uma nos Estados Unidos. Ao menos 35 integrantes e sete empresas envolvidas no esquema já foram identificados.
Segundo a Polícia Federal, há provas que a organização criminosa investigada atua em mais de dez de países, envolvendo fornecedores, clientes e instituições bancárias utilizadas para a engenharia financeira, com movimentação de valores superiores a R$ 30 milhões.
Carros de luxo apreendidos durante a operação da PF
Polícia Federal
Durante a operação desta quarta foram cumpridos 38 mandados de busca e apreensão em vários estados. Foram apreendidos:
Carros:
1 Hilux
1 Blazer
1 Land Rover
1 Audi
1 Renegade
1 Renaut
2 BMW
2 Porsche
1 Dodge Ram
Dinheiro:
R$ 115.000,00
US$ 14.548,00
EU$ 300,00
AUS$20,00
Pedras preciosas: 28 sacos, totalizando 49 unidades
6 relógios
31 joias diversas
2 armas
18 munições
12 laptops
29 celulares
18 apetrechos
1 chip
23 pen drives
12 HDs
No caso das pedras, a PF informou que elas foram lacradas e encaminhadas à perícia para determinar valores e quantidades.
Um avião que seria de um dos investigados também foi alvo de busca e apreensão, mas não foi apreendido porque, embora já tenha sido registrado em nome de um dos investigados, atualmente está em nome de outra pessoa.
A Justiça Federal também determinou o bloqueio de R$ 38 milhões dos investigados.
Pedras e joias apreendidas em operação da PF contra comércio ilegal
Divulgação/Polícia Federal de Piracicaba
Investigação
As investigações começaram no segundo semestre de 2020, quando informações recebidas pela Unidade de Inteligência da Polícia Federal em Piracicaba apontaram para a existência de uma organização criminosa que atuaria na extração mineral irregular, receptação qualificada e contrabando de pedras preciosas.
As primeiras informações foram confirmadas por meio da prisão em flagrante de um dos investigados quando embarcava no Aeroporto Internacional de Guarulhos com destino a Dubai, transportando diamantes brutos sem a devida documentação fiscal, avaliados em mais de R$ 350.000,00.
Arma e joias apreendidas em operação da PF contra comércio ilegal de ouro
Divulgação/Polícia Federal
Segundo a PF, em dezembro de 2020, uma nova carga pertencente a mesma organização criminosa foi interceptada no Aeroporto de Confins, pela Receita Federal, desta vez, barras de ouro com destino aos EUA.
Em mais uma oportunidade, mediante cooperação policial internacional com agentes da agência americana HSI (Homeland Security Investigations) da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, foi possível apreender com um dos integrantes da organização, ao ingressar nos EUA, cerca de quarenta diamantes brutos.
Joias apreendidas em operação contra grupo que movimentou R$ 30 milhões em comércio ilegal
Divulgação/Polícia Federal
Foram identificadas negociações com pessoas nos países da China, Inglaterra, Bélgica, Emirados Árabes, Estados Unidos, Cingapura, França, Canadá, Gana, Namíbia, África do Sul, Espanha, Serra Leoa e Suíça, além da estruturada atuação em território brasileiro em diversos estados da Federação.
Entre os recursos criminosos utilizados estão a abertura de empresas, com o fim específico de emissão de notas fiscais falsas para enganar os órgãos de fiscalização, e a cooptação de empresas legítimas, devidamente regularizadas no Cadastro Nacional de Comércio de Diamantes Brutos (CNCD), para emissão de documentos falsos e viabilização da remessa das pedras ao exterior.
Polícia Federal durante operação contra comércio ilegal de pedras preciosas
Divulgação/Polícia Federal
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