Entre argumentos no pedido para a soltura estão depoimentos de que ele não estava com outros dois suspeitos presos, diferente da versão policial, e que foi vítima de tortura por PMs. Policial Militar é morto a tiros em residencial de Santa Bárbara d’Oeste
Reprodução/EPTV
A Justiça concedeu liberdade provisória a um dos três presos suspeitos de envolvimento com a morte do policial militar Leandro Barbosa, de 38 anos, no último dia 19 de maio, em Santa Bárbara d’Oeste (SP). Entre os argumentos citados no pedido para a soltura estão depoimentos de que ele não estava junto com outros dois suspeitos presos, diferente da versão policial, e que foi vítima de tortura por PMs que atuaram no caso.
O policial militar que foi executado estava de folga quando foi atingido por cinco disparos na manhã de sexta-feira. Os três suspeitos foram presos no mesmo dia, no Conjunto Habitacional Roberto Romano, também em Santa Bárbara.
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Segundo o processo, os outros dois presos na ação confirmaram informalmente participação na execução do PM, que são membros de uma facção criminosa e que o terceiro suspeito não estava envolvido no crime. Segundo a versão policial, o trio foi encontrado dentro de um apartamento com duas armas.
“Não tem nada a ver com a situação aqui Dr., com todo o respeito aí, estava sentado na escada ali, na casa da namorada dele ali, os ‘polícia’ pegou ele ali, jogaram para dentro da casa, uma covardia danada, o rapaz não tem nada a ver, o rapaz é trabalhador”, diz declaração de um deles em audiência de custódia.
Em depoimento à polícia, o suspeito que nega participação ainda afirmou que estava no andar acima do local onde os outros dois foram detidos, no apartamento de sua namorada, o que foi confirmado por ela. Sua defesa também destaca que ele não foi reconhecido por uma testemunha como um dos quatro supostos envolvidos no crime.
Além disso, o casal dono do apartamento que teria sido invadido pelos suspeitos afirmou em depoimento que presenciaram a ação policial e viram que apenas duas pessoas foram retiradas detidas de dentro do imóvel.
A namorada do suspeito que nega participação ainda afirma que ele foi levado ao apartamento onde estavam os outros dois e, depois de duas horas, foi retirado de lá com o rosto sangrando e mancando.
Residencial onde o PM morreu baleado em Santa Bárbara
Gabriela Ferraz/EPTV
Ao dar parecer pela revogação da prisão preventiva, o promotor Rodrigo Aparecido Tiago também aponta que o suspeito não foi reconhecido como um dos executores do crime e que faltam provas de sua participação. E que já foram requisitadas perícias em celulares e câmeras apreendidos. Também considera que ele é réu primário e não tem antecedentes criminais.
“No presente momento, diante do quadro atualmente apresentado, a prisão cautelar […] se revela como desproporcional, havendo riscos de que
um jovem trabalhador, que não aparenta ter envolvimento com organizações criminosas, esteja indevidamente encarcerado”, justifica o juiz da 2ª Vara Criminal de Santa Bárbara d’Oeste, Lucas Borges Dias, ao decidir pela liberdade provisória.
Ele pondera, ainda, que sua participação ou não carece de avanço nas investigações. “Tem-se, na realidade, que os fatos são complexos e as investigações ainda estão em andamento, estando pendentes a realização de diversas perícias, havendo ainda pedido de outras diligências. Há vários pontos ainda que precisam ser esclarecidos”, acrescentou.
Leandro Barbosa trabalhava no 10º Baep, sediado em Piracicaba
Reprodução/ EPTV
Relembre o caso
De acordo com informações da corporação, Leandro Barbosa, que morava em Americana (SP) e estava no Baep desde 2019, foi até o Parque Residencial do Lago, na Avenida Ruth Garrido Roque, por volta das 10h30, para tratar de um assunto pessoal.
“O que nós temos é que o policial foi para o local por uma demanda que ele estava vendo, comprando uma moto, e no local outros indivíduos chegaram e fizeram disparos contra ele”, informou o tenente-coronel tenente-coronel José Antônio Golini Júnior, comandante do 10º Baep.
Segundo o PM, pelas apurações no local, os disparos foram realizados sem que ocorresse qualquer discussão e acredita-se que o policial não teve tempo para reagir.
A vítima chegou a ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros em estado grave, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Uma equipe da Polícia Científica e perícia foi direcionada para o local do crime.
Policial Militar é baleado e morto em Santa Bárbara d’Oeste
Informações de moradores a respeito do uso de um Fiat Uno por suspeitos levaram equipes policiais até o Conjunto Habitacional Roberto Romano.
“Aí identificou que havia um Fiat Uno no fundo desse condomínio Romano e, através dessa confirmação, os policiais identificaram que havia indivíduos ocupando um apartamento de forma irregular”, explicou o comandante do batalhão.
Os três foram presos por suspeita de envolvimento no crime e também foram apreendidos dois revólveres. Acredita-se que o PM também estava armado, mas a arma dele não foi localizada. O comandante informou que o trio tem passagens pela polícia, mas não detalhou por quais crimes.
Já a ação policial que terminou com a morte de um suspeito aconteceu no bairro Santa Rita de Cássia, próximo de onde o militar foi assassinado.
Segundo o Baep, o suspeito fugiu de uma rua para outra, por cima das casas e por uma viela, entre a Rua Caramuru e uma via paralela, e foi baleado em uma oficina mecânica.
Viaturas do Baep na rua onde um dos suspeitos foi morto baleado
Reprodução/ EPTV
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