Atentado ocorreu no dia 21 de junho de 2022 em ônibus da Linha 444 durante trajeto no Centro da cidade. Solicitação de juiz se baseou em incoerências apontadas pelo Ministério Público. Ataque em ônibus de Piracicaba deixa três mortos e três feridos
Claudia Assencio/g1
O autor do ataque aos passageiros de um ônibus do transporte público de Piracicaba (SP) deverá passar por novo exame pericial de insanidade mental, segundo decisão da Justiça. No documento, assinado no último dia 29 de maio, o magistrado responsável pelo caso converteu o julgamento do acusado em diligência.
A solicitação se baseou em incoerências apontadas pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Na decisão, o juiz pede que o exame seja feito por outros peritos do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Imesc), diferente dos profissionais que realizaram a perícia anteriormente.
Os peritos, segundo solicita o juiz, deverão especificar as justificativas que levarão ao resultado do laudo. Na decisão, o juiz Luiz Antônio Cunha pediu urgência e tramitação prioritária ao caso, por conta da idade do acusado, considerado idoso.
“Converto o julgamento em diligência para que outro exame pericial de insanidade mental seja realizado pelo Imesc, por terceiro profissional médico que não os subscritores […], dignos de seus trabalhos, mas pela necessidade sempre da busca da verdade real. Isso porque, no laudo, não bastará que o perito tão somente conclua pela inimputabilidade no momento do fato, devendo justificar tecnicamente suas conclusões”, afirmou no documento.
De acordo com o representante do Ministério Público, o promotor Aluísio Antonio Maciel Neto, o juiz acolheu pedido do Ministério Público que impugnou o laudo de insanidade mental apresentado em razão de incoerências constatadas pelo setor técnico de psiquiatria do MP.
“Apontamos as inconsistências do laudo e pedimos a realização de nova perícia e por outro perito, com a possibilidade de participação de nosso setor técnico no acompanhamento da perícia”, disse.
“Nós precisamos ter a certeza do quadro psiquiátrico do acusado a fim de que eventual decisão judicial – de pena ou aplicação de medida de segurança – não resulte em injustiça. Se aplicada a medida de segurança, sem que haja a definição concreta de doença mental permanente, em poucos anos – um a três anos – ele pode ser colocado em liberdade e não haverá mais nada a ser feito”, concluiu o promotor.
O g1 entrou em contato com a defesa do acusado e aguarda pronunciamento.
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Reprodução/ Cemel
Laudo psiquiátrico
Um primeiro laudo psiquiátrico apresentado à Justiça, em novembro de 2022, atestou insanidade mental do autor de um ataque em um ônibus que deixou três mortos e três feridos, em Piracicaba (SP). Na ocasião, a avaliação foi solicitada à Justiça pela defesa do réu que, com o resultado, entrou com pedido de internação dele em um manicômio judiciário.
Já o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), autor da denúncia do acusado, na ocasião, pediu mais esclarecimentos ao perito responsável pelo laudo.
Segundo o promotor Aluísio Antonio Maciel Neto, no laudo, a perícia atestou a existência de “psicose por álcool” e “neuropsicose orgânica”.
“Todavia, não especificou a contento como essas causas influiriam ou não na capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de se determinar conforme esse entendimento. Também não descreveu se tais causas seriam transitórias ou permanentes. Por tais razões, solicitamos maiores esclarecimentos ao perito a respeito dessas questões”, explicou na época.
Justiça pede avaliação psiquiátrica
Em junho de 2022, a Justiça de Piracicaba (SP) instaurou um procedimento para avaliação psiquiátrica do autor de um ataque dentro de um ônibus que deixou três pessoas mortas e outras três feridas. Também foi agendada a primeira audiência do processo.
Ministério Público
A Justiça de Piracicaba (SP) aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) contra o autor do atentado em ônibus do transporte urbano. O ataque deixou três mortos e três feridos no último dia 21 de junho e o réu, um homem de 52 anos, foi preso em flagrante.
O autor esfaqueou seis pessoas dentro de um ônibus que fazia a linha 444 Centro/Vila Sônia. O crime, segundo a promotoria, se deu por motivo torpe e que revela perversidade, “pela satisfação em matar”, com crueldade e para dificultar chance de defesa das vítimas.
No texto da denúncia recebida pelo TJ, o promotor de Justiça Aluisio Antonio Maciel Neto solicitou a manutenção da prisão preventiva do autor do ataque em Piracicaba, o que foi acatado pela Justiça.
“Crimes como esses precisam ser punidos com o maior rigor possível. A crueldade e vilania empregados destruiu famílias e causou pânico geral na comunidade. Não há como se exigir outro caminho senão o da responsabilização plena do assassino e a retirada permanente dele do convívio em sociedade”, argumentou o promotor.
Na ocasião, o g1 não conseguiu localizar defesa do réu até a publicação da reportagem para falar sobre o assunto.
Faca usada por criminoso em atentado em ônibus de Piracicaba
Polícia Militar/Comando Força Patrulha do 10° BPM/I
Pena máxima
A promotoria denunciou o réu com base em vários artigos e qualificadoras do código penal. Segundo o MP, o autor cometeu homicídio consumado (três vezes), com agravantes de ter sido por motivo torpe, com emprego de meio cruel e com recurso que dificulte a defesa da vítima.
Outro agravante é o crime ter sido cometido contra pessoa maior de 60 anos. Além de responder pelos mortos, o autor também deve responder por homicídio tentado, já que houveram três sobreviventes que também foram atingidos por facadas.
Local onde aconteceu o ataque, em uma das principais avenidas de Piracicaba
Edijan Del Santo/ EPTV
Sobreviventes
O ataque deixou três mortos e três feridos. Entre eles está um jovem de 28 anos, que segue internado no Hospital dos Fornecedores de Cana (HFC) em Piracicaba, onde ficou em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por vários dias. Atualmente ele está na enfermaria da unidade.
Outra vítima sobrevivente do ataque aos passageiros é uma idosa de 62 anos que ficou internada em hospital da cidade e teve alta no dia 24 de junho. A mulher é mãe de Adriana Coelho da Silva, uma das três pessoas mortas no atentado.
Trânsito foi bloqueado no trecho da avenida para atendimento da ocorrência
Claudia Assencio/g1
A terceira vítima que sobreviveu é um inspetor de 24 anos, que foi esfaqueado no pescoço. Segundo a Santa Casa de Piracicaba, ele foi atendido no setor de ortopedia da unidade e liberado, sem permanecer internado.
Uma outra idosa, que não chegou a ser ferida, foi socorrida com crise nervosa para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Vila Rezende.
O ataque
Ataque em ônibus deixa três pessoas mortas em avenida de Piracicaba
Um homem de 52 anos esfaqueou e matou três pessoas dentro de um ônibus do transporte coletivo, no Centro de Piracicaba (SP), na tarde de 21 de junho de 2022. Outras três pessoas feridas foram socorridas com vida.
O suspeito foi preso e, de acordo com a Polícia Civil, ele escolheu as vítimas aleatoriamente, apresentava falas desconexas e não tinha uma motivação para o crime.
O ataque ocorreu às 15h15, em um coletivo da linha Centro/Vila Sônia, quando o veículo estava na Avenida Armando de Salles de Oliveira, uma das principais da cidade, nas proximidades do cruzamento com a Rua Regente Feijó, no segundo ponto após saída do Terminal Urbano da cidade.
De acordo com uma passageira, o homem saiu do terminal em silêncio e, repentinamente, começou a desferir as facadas. Imagens que circulam em redes sociais mostram o homem realizando os ataques e PMs chegando ao local para rendê-lo e realizar a prisão.
Três pessoas morreram no local e três foram socorridas com vida, segundo a PM
Claudia Assencio/ g1
Na época, a concessionária TUPi Transporte, responsável pelo transporte público na cidade, manifestou apoio e solidariedade às vítimas e seus familiares em nota.
“Informações indicam que uma pessoa atacou deliberadamente quem estava em sua frente com uma faca vitimando pessoas e ferindo outras causando pânico generalizado. O homem foi preso e a TUPi está acompanhando o caso e em contato com as autoridades locais e a prefeitura municipal”, acrescentou.
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