Segundo a acusação, Marcelo Miranda Josias tinha bebido antes de dirigir e estava em alta velocidade. Ele vai poder recorrer em liberdade contra a decisão. Fiat Uno em que estavam mãe e filho que morreram no acidente em Piracicaba
Reprodução/EPTV
O empresário acusado de causar o acidente que matou mãe e filho em uma avenida de Piracicaba (SP), em 23 de agosto de 2020, foi condenado a pena de quatro anos, nove meses e 18 dias de prisão em regime inicial semiaberto. A Justiça também determinou suspensão do direito de dirigir por três anos, dois meses e 12 dias.
Marcelo Miranda Josias, que à época chegou a ser preso mas conquistou liberdade provisória em outubro do mesmo ano, vai poder recorrer contra a sentença em liberdade.
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O acidente aconteceu às 0h58 de um domingo, na Avenida Armando Sales de Oliveira, uma das principais avenidas do Centro da cidade. Segundo o boletim de ocorrência, o Fiat Uno onde estavam Gabriel Alves de Moura, de 26 anos, Vilmar Alves de Mora, de 52 anos, e Renê Aparecido Moura, também de 52, foi atingido pelo Toyota Corolla dirigindo por Josias, que teria tentado fugir do local, mas foi contido por testemunhas. Gabriel e Vilmar morreram no local e Renê sofreu lesões corporais.
Segundo a Polícia Militar, exame de bafômetro realizado no empresário apontou que ele consumiu bebida alcoólica antes de dirigir, com resultado de 0,79 mg de álcool por litro de ar. Um policial militar também relatou à Justiça que o acusado apresentava sinais de embriaguez, como odor e fala pastosa.
O réu foi denunciado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) por crimes dolosos – quando há intenção do autor -, mas a defesa recorreu e o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) apontou que tanto os homicídios na direção de veículo quanto as lesões causadas na vítima que sobreviveu foram culposos – quando não há intenção.
Durante depoimento, uma testemunha afirmou que encontrou o empresário em um bar, que ele estava consumindo bebida alcoólica e depois pegou carona com ele. Também afirmou que ele alcançou velocidade de 100 a 120 quilômetros por hora e chegou a alertar o motorista, dizendo: “você é louco, velho”. E que em seguida ocorreu a batida.
À Justiça, o réu afirmou que estava bebendo refrigerante com café, por não ter o hábito de ingerir álcool. Afirmou, ainda, que chegou a tomar alguma bebida do copo do colega a quem deu carona – a sentença não especifica qual bebida – e depois não se recorda de mais nada. Depois, se lembra de estar com o carro capotado e entrar em desespero, e que fugiu por estar com medo de ser morto pelas pessoas no local.
Sobre o exame do bafômetro, afirma que foi convidado a realizar por duas vezes e que os resultados deram 0,01 e 0,00, mas que um dos policiais informou um resultado diferente.
Vilma e Gabriel Moura, mãe e filho, vítimas do acidente em Piracicaba
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Juiz descarta ‘boa noite, Cinderela’
Em sua decisão, o juíz da 4ª Vara Criminal de Piracicaba, Felippe Rosa Pereira, considerou que é certo que o réu causou o acidente por imprudência, que trafegava em alta velocidade e que estava embriagado.
“A versão do réu de que os policiais teriam ‘forjado’ o resultado não está amparada em nenhum elemento de convicção além de sua própria palavra. Os agentes públicos descreveram como o exame foi realizado, não havendo qualquer motivo para acreditar que tenham mentido apenas para prejudicar o réu”, avalia o magistrado.
Em relação ao relato do acusado de que tomou uma bebida oferecida pelo colega, o juiz descarta a possibilidade de ter sido vítima do golpe conhecido como “boa noite, Cinderela” – no qual o golpista dopa a vítima com sedativo em sua bebida -, já que não há indícios e que a testemunha que estava no carro afirma que já encontrou o empresário consumindo bebida alcoólica.
“Dessa forma, trata-se de questão bastante simples: o réu, condutor do veículo, agiu com imprudência manifesta que foi a única causa de uma grave colisão traseira que ceifou a vida de duas pessoas e causou lesões corporais numa terceira, não havendo qualquer prova capaz de eximir sua responsabilidade penal”, conclui Pereira.
“Certo é que sua conduta destruiu uma família, matando uma mãe e seu jovem filho enquanto ele voltava do trabalho, o que certamente causou danos irremediáveis aos demais parentes”, completa.
Carro que causou o acidente em Piracicaba é blindado
Reprodução/EPTV
Defesa vai recorrer
Advogada de defesa, Valéria Maria Josias avalia que a sentença apresenta vários pontos omissos e que vai recorrer contra ela.
“Não foram abordados na sentença fatos extremamente relevante. O D. Juízo não analisou todas as provas juntadas nos autos, uma delas sobre o impedimento do condutor do outro veículo de de dirigir por ser portador da conhecida ‘doença do sono’, o que esclareceu diversos pontos obscuros do acidentes”, afirma.
“Vamos recorrer da r. sentença e buscar a justiça, já obtivemos uma grande vitória ao desclassificar os homicídios de doloso para culposo, nossa luta agora é provar sua inocência”, finaliza.
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‘Lançou os dois para fora’
À época do acidente, Renê relatou à EPTV, afiliada da TV Globo, que estava voltando para casa após ter ido com a mulher buscar o filho no trabalho.
“O carro capotou, eu não vi nada. Acabou colidindo na coluna e lançou os dois para fora do carro. Eu desci meio orientado e o pessoal foi chegando”, detalhou.
“Eu creio que na justiça divina tudo vai se resolver, porque a gente sabe que tem brechas na lei. Não quero o mal de ninguém, mas para defender minha família, o que eu puder fazer para esse cara ficar preso, ele vai ficar preso”, desabafou na ocasião.
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