Adestrador explica como animais podem realizar associações positivas ou negativas em relação a crianças; em Nova Odessa, garoto de 10 anos teve orelha decepada por pit bull. Menino atacado por pit bull em Nova Odessa passa por cirurgia para reconstrução da orelha
O cachorro que atacou e decepou a orelha a orelha de um garoto de 10 anos, em Nova Odessa (SP), na última sexta-feira (5), estava sem o tutor, sem focinheira ou guia, informou a prefeitura, que notificou os tutores sobre a falta dessas medidas de segurança.
Além disso, conforme o resultado de uma apuração da administração municipal, eles podem ser multados em até R$ 3 mil.
Além da presença do tutor e os equipamentos que facilitem o controle do animal, outras ações preventivas podem ser adotadas pelos tutores para evitar ataques como o ocorrido, segundo adestrador Vanderlei Iansen, da Royal Training Espeto. A seguir, confira quais são elas:
Ter um muro alto ao redor do imóvel que o cão não consiga pular;
Garantir que o animal não consiga sair por alguma falha ou descuido na abertura do portão;
Conhecer o cão que tem e saber se esse cão tem riscos ou não de escapar e se precaver;
Treinar o cão a não avançar quando há crianças em frente ao portão dele.
Iansen também faz um alerta sobre a responsabilidade em uma situação de ataque a uma pessoa:
“Na verdade, a responsabilidade é total do dono”, resume.
Especialista indica treinamento de cães para evitar ataques
Marcio Campos/ EPTV
Treinamentos
Ele também orienta a tomar cuidado para não deixar o cão associar coisas negativas com as crianças. “O dono sem querer sai no quintal, sem a criança, chama o cão, põe a mão. Quando ele sai no quintal e ele pega a criança no colo, para o cão não pular, porque a criança é pequena e ele tem medo, ele toca esse cão. Esse cão condiciona: ‘a criança não é uma coisa boa pra mim'”.
Nesse caso, ele orienta a realizar um “treinamento positivo” com o animal.
“Coloca essa criança no colo. Vai dar um ossinho para esse cão que está no canil? Leva lá a criança junto. Faz tudo o que é bom junto com a criança. Esse cão olha para a criança e vê uma coisa muito boa”.
Iansen também afirma que cães que têm temperamento mais agressivos têm de ser treinados.
“Você tendo o total controle dele, você consegue por ele no meio de outras pessoas sem que ele ataque. O dono tem que saber o cão que ele tem. Alguns cães têm tendência de ser guarda, tem alguns que são trabalhados para guarda. Então, é legal que o dono treine esse cão para que ele tenha o controle dele. Tendo o controle, você consegue tudo do cão. Ele acabou de morder uma pessoa, você pede pra ele soltar, sentar e vigiar, ele fica do lado da pessoa que ele acabou de morder, tranquilo”.
Já em elação ao estimago criado sobre o temperamento da raça pit bull, ele faz um alerta. “A raça pit bull não tem nada a ver com essa história toda aí. Rottweiler faria a mesma coisa, o malinois faria a mesma coisa. Qualquer cão de temperamento forte faria a mesma coisa”.
Como agir em caso de ataque
Já em caso de ataque, o adestrador aponta que existem medidas que são cruciais para não estressar o animal e até fazê-lo desistir. Confira abaixo:
Não correr;
Não não ficar olhando no olho do animal, para ele não se sentir ameaçado;
Colocar as duas mãos no peito, para que ele não morda elas.
“Se o tutor tiver próximo, vai chamar. Se ele tiver um pouco de comando, ele volta para o dono e não te ataca. Se você correr, você não foge dele, é difícil. Só se tiver do lado de um portão que você consiga fechar. Caso contrário, ele vai te pegar”, alerta Iansen.
Além disso, ele aponta precauções caso o cão já estiver mordendo a vítima. “Quando ele te morde, quanto mais você se bater, quanto mais você fizer força contra ele, mais ele vai lutar com você. Se ele te morde, é muito difícil, mas a melhor forma é você parar com ele mordido. Parar, tentar segurar a boca dele. O que faz todo o estrago é a boca”, acrescenta.
Local onde pit bull atacou criança em Nova Odessa
Wesley Justino/EPTV
Mãe se jogou sobre cão para salvar filho
A mãe do garoto de 10 anos que foi atacado por um pit bull em Nova Odessa (SP) contou à EPTV, afiliada da TV Globo, que se jogou em cima do cachorro na tentativa de salvar o filho do ataque. Apesar da tentativa, a criança sofreu mordidas no rosto e teve a orelha decepada, mas não corre riscos de vida.
Nesta segunda (8), a prefeitura informou que o cão morreu devido aos ferimentos sofridos no momento em que pessoas tentavam separá-lo do menino. Já a vítima segue internada no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, em Campinas (SP).
“Ele [pit bull] derrubou meu filho no chão pela canela. Quando meu filho caiu no chão, ele soltou onde ele estava [mordendo] para derrubar e foi para o rosto do meu filho. Quando ele foi para chegar perto do rosto, consegui puxar o cachorro para o meu peito. Falei: ‘a única maneira de esse cachorro sair é eu me jogando para o meu peso parar ele’. Me joguei em cima do cachorro”, disse a mãe.
Segundo a mulher, depois disso, um outro filho dela segurou a cabeça do cachorro, mas, como o animal insistiu no ataque, foi necessário feri-lo.
Orelha reconstituída
A mãe conta que, após conseguir entrar em casa, viu o rosto do filho ensanguentado e percebeu que a cartilagem da orelha havia sido totalmente arrancada.
“Só pensei em pegá-lo e levar para o hospital. Ele foi o tempo todo no carro falando: ‘mãe, não chore, eu estou bem, não estou sentindo nada’. Falei para ele: ‘filho, Deus vai te guardar, esse milagre a gente vai contar, e todo mundo vai ficar sabendo o que Deus fez por você’.”
No hospital, os médicos perguntaram sobre a orelha, que foi levada depois pelos vizinhos do menino.
A criança foi transferida ao HC da Unicamp, onde passou por cirurgia para reconstituição da cartilagem. De acordo com a mãe, a cirurgia, que durou quatro horas, foi um sucesso.
“Fez a reconstituição, e a orelha dele ficou perfeita. Quando foi para o centro cirúrgico, o médico falou: ‘mãe, seu filho teve sorte, porque é muito difícil uma criança sair viva'”, destacou.
Menino atacado por pit bull em Nova Odessa teve a orelha reconstituída no HC da Unicamp, em Campinas
Arquivo pessoal
Investigação
O boletim de ocorrência aponta que o ataque aconteceu às 21h55 da sexta-feira, na Rua Cuiabá, Jardim São Jorge.
Policiais militares foram acionados para atender a ocorrência e no local, foram informados que o cachorro teria escapado da casa de seus tutores antes de atacar a vítima, que brincava em frente à sua casa.
A prefeitura da cidade informou que, após o ataque, o cachorro foi encontrado ferido em um quintal e recolhido pela Defesa Civil.
Ainda de acordo com a administração, os responsáveis serão autuados por permitir que o animal saísse à rua sem tutor, focinheira e guia.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que o caso é investigado pela Delegacia de Nova Odessa e que o dono do cachorro foi ouvido.
“Outras diligências estão sendo tomadas com o objetivo de apurar os fatos”, complementou.
Delegacia de Polícia Civil de Nova Odessa
Jonatan Morel/EPTV
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